Escola Edvaldo
Brandão de Jesus
Professora:
Rosália Oliveira
Disciplina:
Literatura
2º
ano EM
ROMANTISMO em Portugal
- Não se restringe apenas a ser uma escola literária: é um espírito
de época (gostos de um certo tempo em todas as atividades artísticas
exercidas pelo ser humano).
- A escola nasceu das necessidades de um século de grandes
modificações.( 2ª metade do séc. XVIII e a 1ª metade do séc. XIX. Nasce na
Alemanha e Inglaterra.
- É o oposto da razão, típica do Classicismo.
- Emoção farta e transbordante.
- O romântico é sempre um exaltado, apaixonado,
temperamental.
- O Romantismo aparece no momento da ascensão definitiva da
burguesia, Revolução Francesa e Liberalismo.
- Imitação dos padrões de comportamento social da nobreza,
desejando um mundo e sonho e fantasia.
- O Romantismo em Portugal apresenta em sua evolução dois
momentos significativos. O primeiro deles representa o esforço de se firmar
como movimento literário apoiado pela cultura popular, no nacionalismo, na
busca das origens medievais do país, enquanto o segundo constitui um momento de
maturidade e de transição para o Realismo.
CONTEXTO HISTÓRICO
- Como no resto da Europa, o Romantismo surgiu em
Portugal num período de efervescência política – alguns anos após a revolução
de 1820 que levou os liberais portugueses ao poder.
- Participaram dessa revolução vários setores da
burguesia portuguesa, nos quais se incluíam magistrados, comerciantes,
militares, professores. Influenciados pelos ideais da Revolução Francesa, esses
setores defendiam a reforma das instituições, a elaboração de uma Constituição,
a liberdade de comércio, o direito de participação política do cidadão.
- Lutavam, enfim, pela modernização de Portugal.
- Portugal,
diferente do Brasil que exaltava a pátria, estava em crise, permeado de
revoltas.
- Intelectuais
que se auto-exilaram na França ena Inglaterra trazem os novos ideias de lá para
Portugal.
- Início
= Com o poema Camões de Almeida
Garret.(1825)
MARCO INICIAL
- O marco inicial do Romantismo português é a
publicação, em Paris, do poema “Camões”, em 1825, em que o autor, Almeida
Garret, faz uma espécie de biografia sentimental do famoso poeta-soldado. Mas o
Romantismo como movimento literário firma-se só a partir de 1836, com a criação
da revista Panorama, na qual se publicam textos já claramente
românticos de importantes escritores portugueses.
1ª GERAÇÃO
Características:
- Sobrevivência de características neoclássicas;
- Nacionalismo;
- Historicismo
- Medievalismo.
Principais autores:
- Almeida Garret,
- Alexandre Herculano
- Antônio Feliciano de Castilho.
ALMEIDA
GARRET – VIDA E OBRA
João Batista da Silva Leitão
de Almeida Garret
* Porto 04/02/1799 / + Lisboa 09/12/1854
- Biografia
- Filho de Antônio Bernardo da Silva Garret e Ana Augusta
de Almeida Leitão;
- Acompanhou a família na mudança para os Açores, durante a
invasão francesa. Passou a adolescência na ilha Terceira.
- Em 1816, retornou a Portugal e ingressou na faculdade de
Direito na Universidade de Coimbra, onde conheceu os ideais do movimento
liberal.
- Primeiros poemas - caracteres neoclássicos
- Em 1821 publicou “Retrato de Vênus” e foi processado por
obscenidade (considerado ateu e imoral)
- Em 1822, foi nomeado secretário particular de Silva
Carvalho, secretário de estado dos negócios do Reino.
- Tinha ideias liberais que em geral escandalizava a
sociedade;
- Exilado por duas vezes. Em1823, devido à sua participação
na Revolução Liberal do Porto.
- Em 1824, parte para a França e influenciado por
Shakespeare, começa a escrever poemas dentro do novo estilo.
- Em Paris, publica o poema “Camões” (1825), marco inicial
do Romantismo português.
- Em Portugal, escreveu D.
Branca (1826), e passou a traba-lhar como jornalista em “O Português” e em “O Cronista”.
- Entre 1828 e 1831, volta para a Inglaterra
(restabelecimento do absolutismo, quando D. Miguel assume o trono português.
- Em 1832, anistiado, regressa ao Porto após a vitória do
liberalismo
- Lançou um jornal voltado
para causas políticas, o “Regenera-ção” tratava da guerra que levou os liberais
ao poder.
- Escreve um conhecido protesto chamado “A lei das rolhas”,
onde exige a liberdade de imprensa, ou seja, a livre expressão de escrita e do
pensamento.
- O lado positivo do - descoberta de autores importantes da
literatura inglesa, como Shakespeare, e do romantismo, que viria a marcar sua
obra
- Garret além de ser escritor foi também jornalista,
advogado e político.
- Casou-se aos 22 anos com Luísa Midosi (15 anos)
- Teve uma filha com Adelaide Deville e,
- Relacionou-se com Rosa Montúfar, a Viscondessa da Luz
2. Características do autor
- Seus romances possuíam um forte caráter dramático;
- Participou também da política, escrevendo sobre este
tema. Produziu textos históricos, críticos e diplomáticos;
- Possuía um talento flexível para escrever, imprimindo em
suas obras uma notável individualidade, elegância e originalidade;
- Ganhou destaque na poesia e no teatro;
- Suas obras “Camões” e “Frei Luís de Sousa” ganharam
grande importância no mundo literário;
- Foi
influenciado por Shakespeare, Lord Byron e Walter Scott;
- Pelo teatro, despertou o sentimento de patriotismo e o
gosto pelos momentos marcantes da história nacional;
- Cultivou a oratória parlamentar e o jornalismo;
- Foi responsável pelas primeiras obras do romantismo
português (textos de temática patriótica)
- Mistura de estilos (obras de teor clássico e outras
populares)
- Em certas obras, o narrador se comunica com o leitor,
essa característica foi vista anos depois nos livros do escritor brasileiro
Machado de Assis.
3. Obras do autor
3.1.
Cronologia das obras
Poesias
- Retrato de Vênus (1821)
- Camões (1825)
- D. Branca (1826)
- Adozinda (1828)
- Lírica de João Mínimo (1829)
- Romanceiro (1843 – 1851)
- Flores sem Frutos (1845)
- Folhas Caídas (1853)
Teatro
- Catão (1822)
- Mérope (1841)
- Um Auto de Gil Vicente (1842)
- D. Filipa de Vilhena (1846)
- O Alfageme de Santarém (1842)
- Frei Luís de Sousa (1844)
Prosa
de Ficção
- Arco de Santana (1829)
- Viagens na Minha Terra (1846)
Prosa
Doutrinária
- Da Educação (1829)
3.2. Destaque de uma obra – Folhas caídas (1853)
a) Textos selecionados
Texto
1 - XXIV ANJO ÉS
Anjo
és tu, que esse poder
Jamais
o teve mulher,
Jamais
o há-de ter em mim.
Anjo
és, que me domina
Teu
ser o meu ser sem fim;
Minha
razão insolente
Ao
teu capricho se inclina,
E
minha alma forte, ardente,
Que nenhum jugo respeita,
Covardemente
sujeita
Anda
humilde a teu poder.
Anjo
és tu, não és mulher.
Anjo
és. Mas que anjo és tu?
Em
tua frente anuviada
Não
vejo a c’roa nevada
Das
alvas rosas do céu.
Em
teu seio ardente e nu
Não
vejo ondear o véu
Com
que o sôfrego pudor
Vela
os mistérios d’amor.
Teus
olhos têm negra a cor,
Cor
de noite sem estrela;
A
chama é vivaz e é bela,
Mas
luz não tem. –
Que
anjo és tu?
Em
nome de quem vieste?
Paz
ou guerra me trouxeste
De
Jeová ou Belzebu?
Não
respondes - e em teus braços
Com
frenéticos abraços
Me
tens apertado, estreito!...
Isto
que me cai no peito
Que
foi?... Lágrima? - Escaldou-me
Queima,
abrasa, ulcera... - Dou-me,
Dou-me
a ti, anjo maldito,
Que
este ardor que me devora
É
já fogo de precito,
Fogo
eterno, que em má hora
Trouxeste
de lá... De donde?
Em
que mistérios se esconde
Teu
fatal, estranho ser!
Anjo
és tu ou és mulher?
Texto
2 – I Barca Bela – livro segundo
Pescador
da barca bela,
Onde
vás pescar com ela,
Que
é tão bela,
Ó
pescador?
Não
vês que a última estrela
No
céu nublado se vela?
Colhe
a vela,
Ó
pescador!
Deita
o lanço com cautela,
Que
a sereia canta bela ...
Mas
cautela,
Ó
pescador!
Não
se enrede a rede nela,
Que
perdido é remo e vela
Só
de vê-la,
Ó
pescador.
Pescador
da barca bela,
Inda
é tempo, foge dela,
Foge
dela,
Ó
pescador!
b) Análise dos textos - Aspetos românticos na obra
1. Anjo és
-
Conceção
contraditória da mulher : mulher-anjo / mulher-demônio
“Anjo
és tu, não és mulher.
Anjo
és. Mas que anjo és tu?
Em
tua frente anuviada
Não
vejo a c’roa nevada
Das
alvas rosas do céu.
Em
teu seio ardente e nu
Não
vejo ondear o véu
Com
que o sôfrego pudor
Vela
os mistérios d’amor.
Teus
olhos têm negra a cor,
Cor
de noite sem estrela;
A
chama é vivaz e é bela,
Mas
luz não tem. –
Que
anjo és tu?”
-
Linguagem
mais simples , direta e espontânea
Em todo o poema há frases diretas e
curtas, como se o eu poético estivesse
conversando com alguém.
-
Valorização
da emoção diante da razão: o eu poético está dominado pelos sentimentos, se
subjuga diante do poder da mulher amada.
“Anjo
és tu, que esse poder
Jamais
o teve mulher,
Jamais
o há-de ter em mim.
Anjo
és, que me domina
Teu
ser o meu ser sem fim;
Minha
razão insolente
Ao
teu capricho se inclina,
E
minha alma forte, ardente,
Que nenhum jugo respeita,
Covardemente
sujeita
Anda
humilde a teu poder. “
2. A barca bela
- Conceção
contraditória da mulher : mulher-anjo / mulher-demônio
“Deita
o lanço com cautela,
Que
a sereia canta bela ...
Mas
cautela,
Ó
pescador!
Não
se enrede a rede nela,
Que
perdido é remo e vela
Só
de vê-la,
Ó
pescador”
- Valorização
da tradição poética portuguesa
Os versos são simples e carregados de
lirismo.
- Linguagem
mais simples , direta e espontânea
Em todo o poema: tom conversacional, frases curtas,
simplicidade na sintaxe.
1ª GERAÇÃO ROMÂNTICA BRASILEIRA
GONÇALVES DIAS – vida e obra
BIOGRAFIA
·
Antônio Gonçalves Dias (1823 – 1864)
·
Poeta,
professor, crítico de história, etnólogo, nasceu na cidade de Caxias, MA, em 10
de agosto de 1823, e faleceu em naufrágio, no Maixio dos Atins, MA, em 3 de
novembro de 1864. É o patrono da cadeira n. 15 , da Academia por escolha do
fundador Olavo Bilac.
·
Gonçalves, era filho natural de João Manuel
Gonçalves Dias, comerciante português, e de Vicência Ferreira, mestiça.
·
Gonçalves Dias foi criado pelo pai e a madrasta,
os quais deram instrução e trabalho, matriculando-o no curso de Latim, Francês
e Filosofia do Prof. Ricardo Leão Sabino.
·
Depois do falecimento do pai, com a ajuda da
madrasta foi matriculado no curso de Direito em Coimbra (Portugal)
·
Em Coimbra, ligou-se Gonçalves Dias ao grupo dos
poetas que Fidelino de Figueiredo chamou de “medievalistas”. ”. À influência
dos portugueses virá juntar-se a dos românticos franceses, ingleses, espanhóis
e alemães. Em 1843 surge a “Canção do exílio”, uma das mais conhecidas poesias
da língua portuguesa.
·
Em 1845, Gonçalves Dias regressou para o Brasil.
·
Em 1846, transferiu-se para o Rio de Janeiro,
onde morou até 1854.
·
Em 1846
havia composto o drama Leonor de Mendonça, que o Conservatório do Rio de
Janeiro impediu de representar a pretexto de ser incorreto na linguagem.
·
Em 1847, escreveu os Primeiros Contos. Em 1848
os Segundo Contos. E para vingar-se de seus censores, escreveu Sextilhas de
Frei Antão, em que a intenção aparente de demonstrar conhecimento da língua.
·
Em 1849, foi nomeado professor de Latim e
História do Colégio Pedro II e fundou a revista Guanabara, com Macedo e
Porto-Alegre.
·
Em 1851, Gonçalves publicou os Últimos cantos,
encerrando a fase mais importante de sua poesia.
·
A grande paixão do poeta ocorreu depois da
publicação dos Últimos cantos. Chamada de Ana Amélia Ferreira do Vale, de 14
anos, o grande amor de sua vida. Cuja mãe não concordou, ao que tudo indica por
motivos de sua origem bastarda e mestiça.
·
Casou-se
no Rio, em 1852, com Olímpia Carolina da Costa. Foi um casamento de
conveniência, da qual se separou em 1856. Tiveram uma filha, falecida na
primeira infância.
·
Na Alemanha, em 1857, foi editado os Cantos, os
primeiros quatro cantos de Os Timbiras, compostos dez anos antes, e o
Dicionário da língua Tupi.
·
Em 1862, seguiu para a Europa, em tratamento de
saúde, bastante abalada, buscando estações de cura em várias cidades europeias.
·
Em 25 de outubro de 1863, embarcou em Bordéus
para Lisboa, onde concluiu a tradução de A noiva de Messina, de Schiller.
·
Em 10 de setembro de 1864, embarcou para o
Brasil no Havre no navio Ville de Boulogne, que naufragou, no Baixio de Atins,
nas costas do Maranhão, sendo a única vítima do desastre, aos 41 anos de idade.
CARACTERÍSTICAS DE SUAS OBRAS
•
Representação romântica e valorização do
indígena brasileiro e sua cultura.
•
Poesias escritas buscando sempre a perfeição
rítmica e formal.
•
Poemas marcados pela presença de rima,
musicalidade e métrica.
•
Retratou também, de forma positiva, os negros.
•
Retratou temas ligados aos valores medievais
(principalmente dos cavaleiros), transportados para o contexto brasileiro.
•
Abordou também a religiosidade de caráter
cristão.
•
Em suas
poesias, abordou também o sentimentalismo.
OBRAS DO
AUTOR
Poesia
•
O Canto do Piaga (1846)
•
Primeiros Cantos (1846)
•
Segundos Cantos (1848)
•
Últimos Cantos (1851)
•
Cantos (1857)
•
Os Timbiras – inacabado – (1857)
•
Lira Vária, obra póstuma (1869)
•
Leito de Folhas Verdes (1851)
•
Canto de Morte
•
Canção do Exílio (1843)
•
Sextilhas do Frei Antão (1848)
•
I Juca Pirama (1851)
•
Canção do Tamoio
•
Marabá (1851)
•
Se se Morrer de Amor (1857)
•
Ainda Uma Vez - Adeus
•
Seus Olhos
•
Meu Anjo, Escuta
•
Olhos Verdes (1848)
•
O Canto do Guerreiro
•
O Canto do Índio
•
Se Te Amo, Não Sei
Romance
•
Meditação (1850)
•
Um Anjo, Obras Póstumas (1843)
•
Memorias de Agapito
Drama
•
Leonor de Mendonça, drama em prosa
Teatro
•
Beatriz de Cenci (1843)
•
Leonor de Mendonça – drama (1847)
•
Patkull (1843)
•
Boabdil, Obras Póstumas (1850)
Tradução
•
A Noiva de Messena, de Schiller (1863)
Dicionário
•
Dicionário da língua Tupi (1858)
Obras sobre o autor e compilações
•
Poesia e teatro (1868-69);
•
Obras poéticas, org. de Manuel Bandeira (1944)
•
Poesias completas e prosa escolhida, org. de
Antonio Houaiss (1959)
•
Teatro
completo (1979)
DESTAQUE DE
OBRA
Canção do exílio (1843)
Minha terra
tem palmeiras,
Onde Canta
o Sabiá;
As aves,
que aqui gorjeiam,
Não
gorjeiam como lá.
Nosso céu
tem mais estrelas,
Nossas
várzeas têm mais flores,
Nossos
bosques têm mais vida,
Nossa vida
mais amores.
Em cismar,
sozinho, à noite,
Mais prazer
encontro eu lá;
Minha terra
tem palmeiras,
Onde canta
o Sabiá.
Minha terra
tem primores,
Que tais
não encontro eu cá;
Em cismar -
sozinho, à noite
Mais prazer
encontro eu lá;
Minha terra
tem palmeiras,
Onde canta
o Sabiá.
Não permita
Deus que eu morra,
Sem que eu
volte para lá;
Sem que
desfrute os primores
Que não
encontro por cá;
Sem qu'inda
aviste as palmeiras,
Onde canta
o Sabiá.
ANÁLISE
§
Obra da 1ª geração romântica;
§
principais características : saudosismo,
nacionalismo, exaltação da natureza, visão idealizada da pátria e religiosidade.
§
Dois aspectos fundamentais: a valorização do
Brasil e a intertextualidade, características muito presentes nas obras da
época.
§
“ As aves
que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá. ’’ – podemos perceber nesses versos a
valorização idealizada da terra natal, o afastamento espacial que era um traço
do romantismo e a supervalorização dos elementos que compõem esse lugar. A
exaltação das belezas naturais de sua terra, são bem definidos no poema.
§
Se tratando de intertextualidade (conexão dos
textos) o poema faz uma relação com o Hino Nacional, de Ósorio Duque Estrada,
nos versos:
§
“… Nossos
bosques têm mais vida, nossa vida mais amores.” Além disso, a presença dos
pronomes possessivos ajuda a estabelecer a ligação com o país.
§
O uso simbólico da figura do Sabiá, por parte de
Gonçalves Dias, não era propriamente uma novidade na literatura brasileira. Mas
foi através de seu poema, que a ave assumiu poeticamente, uma posição
semelhante à ocupada pelo rouxinol na literatura europeia. Todavia, no caso
brasileiro, o sabiá tornou-se marca de brasilidade.
§
Devido sua condição de exilado, a imagem de uma
natureza endêmica, ganha uma significação maior. O poema contribuiu para mostrar, de forma
particular, a representação da natureza tropical.
§
O poema pode ser visto como elemento essencial
no processo de idealização da imagem do nosso pais. Onde o autor, expressa a
sensação do sentir-se fora de lugar, e a consequente melancolia que reveste a
consciência do distanciamento da terra natal.
O poema é composto de 24 versos, distribuídos ao
longo de suas 5 estrofes.
AUGUSTO DOS ANJOS - 2ª geração romântica, mal-do-século, byronismo
(equipe entregou o resumo - está na xérox))
ANTÔNIO
FREDERICO DE CASTRO ALVES – 3ª geração romântica
* Curralinho-Bahia (14/031847)
+ Salvador-Bahia
(06/07/1871)
1. Biografia
·
Poeta
brasileiro do século XIX;
·
Viveu no
período da escravidão no Brasil;
·
Aos 21
anos de idade, mostrou toda sua coragem ao recitar, durante uma comemoração
cívica, o “Navio Negreiro”. A contra gosto, os fazendeiros ouviram-no clamar
versos que denunciavam os maus tratos aos quais os negros eram
submetidos.
·
Morreu
ainda jovem, antes mesmo de terminar o curso de Direito que iniciara, pois,
vinha sofrendo de tuberculose desde os seus 16 anos.
·
Apesar de
ter vivido tão pouco, este artista notável deixou livros e poemas
significativos.
·
Castro Alves foi presenciou
o enlouquecimento e suicídio do irmão - José Antônio;
·
Teve diversos
amores, mas ao que parece, foi com a atriz portuguesa Eugênia Câmara, que ele
viveu um grande amor (referência para sua poesia lírica-amorosa);
·
No final de 1869,
durante uma caçada, o escritor feriu o pé. Por causa disso, sofreu uma
amputação. Após a operação se retirou para a Bahia e lá, a tuberculose piorou e
no dia 6 de julho de 1871, O Poeta dos Escravos faleceu.
2. Características do autor
·
Apesar de
possuir gosto sofisticado para roupas e de levar uma vida relativamente
confortável, foi capaz de compreender as dificuldades dos negros escravizados;
·
Manifestou toda
sua sensibilidade escrevendo versos de protesto contra a situação a qual os
negros eram submetidos. Este seu estilo contestador o tornou conhecido como o
“Poeta dos Escravos”;
·
A obra de Castro
Alves tem como características a indignação com tantas opressões e a
compreensão dos problemas sociais. Sua poesia também possui um tom vigoroso e
versos expressivos.
·
Foi o escritor
mais importante desta fase, a 3ª fase romântica chamada Poesia Social.
·
Esta fase que se
iniciou, aproximadamente em 1860, é marcada pelas idéias liberais e
democráticas e pelo envolvimento dos escritores por questões políticas e
sociais;
·
A poesia amorosa
de Castro Alves é mais sensual do que o comum na época. A mulher aparece
envolvida em um clima de erotismo e paixão e está muito próxima a ele. O amor,
em suas obras, não é mais platônico.
·
Além de
poesia de caráter social, este grande escritor também escreveu versos
líricos-amorosos, de acordo com o estilo de Vítor Hugo;
·
Pode-se
dizer que Castro Alves foi um poeta de transição entre o Romantismo e o
Parnasianismo.
3. Obras do autor
3.1.
Principais obras
- Gonzaga ou a Revolução de Minas
- Espumas Flutuantes (1870) única obra publicada em
vida
- A Cachoeira de Paulo Afonso (1876)
- Os Escravos (1883) nesta obra está incluído o poema O Navio Negreiro também conhecido como Tragédia
no Mar (escrito em 1869)
- Hinos
do Equador, em edição de suas Obras Completas (1921)
3.2. Destaque de uma obra – Navio Negreiro
(Trechos selecionados e análise)
Castro Alves sobressaiu na poesia
abolicionista. Nas obras Navio Negreiro e Vozes d’África o poeta denuncia as
injustiças e clama por liberdade.
Navio Negreiro
é considerado um poema épico. Foi escrito no dia 18 de abril de 1868, mas foi
tornado público no dia 7 de setembro deste mesmo ano quando foi declamado
durante a sessão magna comemorativa da Independência.
É dividido em 6 partes:
1ª Parte) descrição do cenário em que a ação se passará.
Exaltação ao belo natural:
‘Stamos em pleno mar...Doudo no espaço
Brinca o luar - dourada borboleta –
E as vagas após ele correm...cansam
Como turba de infantes inquieta.
(...)
2ª Parte) o poeta elogia os marinheiros. Exaltação do
belo humano:
Nautas de todas as plagas!
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu
3ª Parte) uma visão do navio negreiro. Um quadro de
tristeza e horror:
“Que cena infame e vil! Meu Deus! Meu Deus! Que
horror!”
4ª Parte) descrição mais detalhada do navio. O
escritor fala, também, sobre o sofrimento dos escravos:
“Era um sonho dantesco...”
5ª Parte) em oposição à desgraça dos negros
aprisionados, temos a imagem do povo africano em sua terra natal:
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje...cúmulo de maldade
Nem são livres pra... morrer...
6ª Parte) presença da antítese: África livre X África
que se beneficia com a escravidão:
E existe um povo que a bandeira empresta
P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro bacante* fria!...
Meu Deus! Meus Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente* na gávea tripudia*?!...
Silêncio!...Musa! Chora, chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto...
(...)
Bacante: mulher devassa, libertina
Impudente: cínico, sem pudor
Tripudia: diverte-se, humilha