Este espaço virtual foi criado com o intuito de compartilhar experiências vividas em sala de aula
(nas disciplinas Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Literatura), bem como sua utilização como mais uma ferramenta
para o ensino-aprendizagem de modo a tornar o processo educacional mais instigante e desafiador para
o aluno dessa geração tecnológica.


sexta-feira, 5 de março de 2010

Autonomia e Ensino de LE

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO MARAJÓ – SOURE
SECRETARIA ACADÊMICA DO CAMPUS
campusoure@ufpa.br
SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR IV
EIXO TEMÁTICO: Autonomia

TEMA: Desenvolvimento da autonomia na leitura e compreensão de textos
em língua estrangeira


JUSTIFICATIVA:

Dentro do enfoque da autonomia no processo ensino-aprendizagem, os meios para a construção do conhecimento de cada aluno não são semelhantes, bem como são diferentes suas motivações e os usos que eles fazem ou pretendem fazer de uma língua estrangeira que estão aprendendo. As pessoas precisam ou querem aprender uma segunda língua por várias razões, tais como: para ler e compreender textos, ler livros diversos no original, para viajar, para fazer cursos diversos, para interagir com pessoas de outros países, para apreciar melhor as músicas de uma determinada banda, para compreender filmes não legendados, dentre outros motivos. Essas aspirações fazem parte de uma abordagem comunicativa, na qual as quatro competências de uma língua (o falar, o ouvir, o ler e o escrever) devem ser igualmente desenvolvidas, mas que na realidade das escolas públicas brasileiras não está se efetivando por completo.
Uma das razões para esse fato é a questão da formação do próprio professor, que deveria ter, segundo Paiva (1997:9), “além de consciência política, bom domínio do idioma (oral e escrito) e sólida formação pedagógica com aprofundamento em lingüística aplicada”. Pode-se acrescentar a essas competências o conhecimento da cultura do país de origem do idioma que leciona. É certo que essa condição não corresponde à nossa realidade, pois temos poucos profissionais bem formados dentro desse perfil ideal, já que a maioria dos professores de Língua Estrangeira nas escolas públicas de ensino médio são graduados em Letras e não possuem habilitação em uma língua estrangeira. Muitas vezes, um bom desempenho no ensino de um segundo idioma se deve apenas ao esforço próprio diante da carência de professores nessa área, sendo que, das quatro habilidades lingüísticas, as que se priorizam são a leitura e a escrita, que vêm sendo trabalhadas na escola de modo não muito eficaz, já que o aluno conclui o ensino médio sem saber fazer bem nem uma coisa, nem outra, provavelmente porque está atrelado às limitações que a própria escola está oferecendo.
Apesar da existência de modernas teorias pedagógicas (dentre as quais se destaca o construtivismo) tentarem pregar um modelo escolar de construção do conhecimento e mudar o papel do professor para o de mediador desse conhecimento, associa-se ao panorama traçado, o fato de o processo ensino-aprendizagem, ainda estar baseado na dependência do aluno em relação ao professor, ou seja, o professor é quem sabe e portanto ensina, o aluno aprende. Essa dependência é histórica, já que a educação no Brasil, segundo Paiva & Vieira (no prelo:01) com base em Piletti (1991:31), “inicia-se por volta dos séculos XVI e XVII, em um clima de desconfiança e medo. Nas aldeias, ou em escolas ambulantes improvisadas, os índios recebiam dos europeus conhecimentos enriquecedores e novos que vinham sempre, da parte do colonizador, acompanhados da intenção de aprisioná-los ao mundo e à cultura do homem branco, retirando-lhes a autonomia e impondo-lhes uma outra língua”. Esse processo de imposição de uma nova cultura a um povo sempre foi, desde a época da colonização, o modelo de educação do brasileiro.
Diante da impossibilidade de se trabalhar as quatro habilidades lingüísticas de um idioma estrangeiro na escola, neste trabalho, destaca-se a leitura de textos porque apesar de estar presente no cotidiano escolar de discentes do ensino médio, há uma considerável dificuldade nessa atividade por parte da maioria desses alunos, principalmente no que diz respeito a aspectos tais como: falta de prática na utilização de conhecimentos prévios sobre o assunto no momento da leitura, tradução literal de expressões idiomáticas, o não reconhecimento de estruturas sintáticas próprias de cada língua, o não reconhecimento de falsos cognatos no contexto e principalmente a falta de prática no uso do dicionário, entre outras dificuldades próprias de cada aluno, que ainda não desenvolveu uma atitude autônoma.

Em relação ao desenvolvimento dessa autonomia, devemos tomar emprestado de Crabbe (apud PAIVA & VIEIRA, no prelo:03) o conceito “direito de ser livre para exercitar suas próprias escolhas, na aprendizagem e em outras áreas, e não se tornar vítima de escolhas feitas por instituições sociais.” que é visto sobre o argumento psicológico, e “explica que aprendemos mais quando nos responsabilizamos pela própria aprendizagem”, já que, hoje, consideramos a idéia de que a atitude do aprendiz tem um papel fundamental no processo de aquisição de conhecimento autônomo e que ele não pode mais esperar que as coisas lhe cheguem prontas sem que ele possa refletir sobre o objeto da aprendizagem.
Também não se pode alcançar uma aprendizagem autônoma com a atitude do aluno individualista que se basta a si próprio, que abre mão de uma interação com outros alunos e com o professor, pois, de acordo com os PCNs, temas transversais “Não existe a autonomia pura, como se fosse uma capacidade absoluta de sujeito isolado. Por isso, só é possível realizá-la como processo coletivo e que implica relações de poder não autoritárias” (BRASIL, 1998:35). Sendo assim, a autonomia na aprendizagem depende também do tipo de professor, já que não é uma capacidade inata, mas que pode ser aprendida se bem direcionada. Nesse aspecto, o professor não deve ser tão conservador a ponto de limitar o desenvolvimento de estratégias individuais de aprendizagem. De acordo com Paiva & Vieira (no prelo:04) em um processo de aprendizagem autônoma o professor deve ser aquele que age como facilitador e conselheiro, incentivando os alunos a se responsabilizarem por sua própria aprendizagem, pois o comportamento autônomo do aprendiz pode estar diretamente relacionado ao comportamento do professor em sala de aula. Se o professor limita o crescimento de seu aluno com métodos inflexíveis de ensino, dificilmente ele aprenderá a ter autonomia, pois, os modelos historicamente constituídos de imposição no processo educacional são difíceis de eliminar do subconsciente de toda uma comunidade escolar, já que muitas vezes, diante das dificuldades do aluno, o professor acaba contribuindo com essa dependência quando lhe oferece objetos de aprendizagem prontos para serem absorvidos por ele, não dando a chance de ele mesmo encontrar soluções para um problema de maneira autônoma. Desse modo, contribui para que a dependência se consolide ainda mais.
É certo que, diante desse quadro e da condição histórica da dependência do aluno, a leitura de textos em língua estrangeira na sala de aula se torna um trabalho por demais penoso se ficar apenas no âmbito da exploração gramatical ou da tradução palavra-por-palavra, que muitas vezes não dão conta das inúmeras possibilidades de leitura e ampliação de horizontes culturais que o texto poderia proporcionar. Então, dentro desta perspectiva, nossa equipe projetou um trabalho de leitura e compreensão de textos em LE com enfoque na lingüística aplicada e na autonomia da aprendizagem, buscando soluções através do uso adequado do dicionário (às vezes única ferramenta de que o aluno dispõe para auxiliá-lo) a fim de minimizar a dependência do aluno em relação à compreensão escrita em língua estrangeira nas escolas públicas de ensino médio. Para isso, é importante incentivar os professores a motivar os alunos a buscarem soluções de aprendizagem de modo bastante personalizado para que o aprendizado aconteça de maneira mais fácil e prazerosa.

OBJETIVO:
Discutir com professores sobre a importância da autonomia na leitura de textos em língua estrangeira através de propostas de interação entre professor, aluno, texto e dicionário.

METODOLOGIA:
 Apresentação de alguns aspectos sobre dependência e autonomia;
 Definição do objeto do trabalho (A leitura autônoma de textos em LE e o uso do dicionário);
 Apresentação das propostas de leitura ao público alvo.

MATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO:
 Data show e computador;
 CD de slide;
 Fotocópias de atividades;
 Roteiro de acompanhamento (hand out);
 Caixa de som e microfone;
 Outros, conforme a necessidade das atividades propostas.


BIBLIOGRAFIA:
BRASIl, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

PAIVA, V.L.M.O. Da estrutura frasal à estrutura discursiva. In: REVISTA DE ESTUDOS DA LINGUAGEM. Belo Horizonte, ano 5, n.4, v.1, p. 19-29. jan./jun. 1996. Disponível em . Acesso em: 16/01/2008.

_____. A identidade do professor de inglês. APLIEMGE: ensino e pesquisa. Uberlândia: APLIEMGE/FAPEMIG, n.1, 1997. p. 9-17. Disponível em <> Acesso em 16/01/2008.

_____. Autonomia e complexidade. In: LINGUAGEM E ENSINO, Pelotas, vol.9, n.1, pp. 77-127, 2006.. Disponível em <> Acesso em 16/01/2008.


PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira e & VIEIRA, Lidiane Ismênia Costa. A formação do professor e a autonomia na aprendizagem de língua inglesa no ensino básico (no prelo). Disponível em Acesso em 16/01/2008.

PILETTI, N. História do Brasil 12ª ed. São Paulo: Ática 1991. In: PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira e & VIEIRA, Lidiane Ismênia Costa. A formação do professor e a autonomia na aprendizagem de língua inglesa no ensino básico (no prelo). Disponível em Acesso em 16/01/2008.



LOCAL:
Auditório da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Prof. Bolívar Bordallo da Silva



HORÁRIO:
Período vespertino - duração: 40 minutos (entre 14h e 16h30min)



PÚBLICO ALVO:
Professores de língua estrangeira e interessados no aprendizado de línguas em geral.



EQUIPE:
Turma: Licenciatura em Letras/ Habilitação em Inglês – ano: 2006
Componentes do grupo:
Luzileida Sousa Corrêa 0612003304
Nilce Leão dos Reis 0612002004
Rosália de Oliveira Soares 0612001304
Sheila da Silva Noronha 0612002904





PLANO DE EXPOSIÇÃO: Desenvolvimento da autonomia na leitura e compreensão de textos em língua estrangeira
PÚBLICO: professores da rede pública e particular de ensino


1. Apresentação da Equipe

2. Alguns aspectos sobre dependência e autonomia no processo ensino-aprendizagem:
a) A autonomia e a dependência
• Autonomia é o “direito de ser livre para exercitar suas próprias escolhas, na aprendizagem e em outras áreas, e não se tornar vítima de escolhas feitas por instituições sociais”. (CRABBE, apud PAIVA e VIEIRA, no prelo)
• “Não existe a autonomia pura, como se fosse uma capacidade absoluta de sujeito isolado. Por isso, só é possível realizá-la como processo coletivo e que implica relações de poder não autoritárias” (PCNs, 1998:35).
• Não é uma capacidade inata;
• A dependência do aluno foi historicamente constituída;

b) O processo ensino-aprendizagem
• Não se pode alcançar autonomia com atitudes individualistas;
• O comportamento autônomo do aluno pode estar diretamente relacionado ao comportamento do professor;
• A formação do professor;
• A competência comunicativa de uma língua se dá através de 4 habilidades: falar, ouvir, ler e escrever;
• Na escola, prioriza-se apenas duas das habilidades;
• Neste trabalho, enfoca-se o uso do dicionário como uma ferramenta para facilitar o desenvolvimento autônomo dessa habilidade de leitura de textos em língua estrangeira.

3. Apresentação de uma leitura autônoma de textos em LE e o uso do dicionário (Nilce e Luzileida)
a) Para que servem os dicionários?
O melhor dicionário é o que mais se adapta às nossas necessidades, em sua edição mais atualizada, pois qualquer dicionário pode ser útil para realizar consultas e resolver nossas dúvidas sobre as palavras que nele se registram.

b) Tipos de dicionários
Um dicionário não serve para tudo, é importante selecionar bem o tipo de dicionário. Às vezes é necessário usar mais de um tipo para que a consulta tenha êxito:

 Dicionário da língua;
 Dicionário bilíngüe
 Dicionário etimológico
 Dicionário de sinônimos e antônimos
 Dicionário visual
 Dicionário de expressões idiomáticas
 Etc.


c) Para que usamos o dicionário?
 Buscar o significado de uma palavra ou acepções desconhecidas;
 Resolver dúvidas de ortografia;
 Conhecer aspectos morfossintáticos de uma palavra;
 Conhecer expressões e frases feitas;
 Distinguir registros;
 Conhecer a origem de uma palavra;
 Buscar sinônimos e antônimos
 Buscar a pronúncia correta de uma palavra.

d) O que se deve saber para ter êxito no uso do dicionário?
Não podemos nos lançar diretamente a buscar qualquer palavra tal e como a encontramos no texto. É importante:
 que se tenha o domínio do alfabeto do idioma em questão;
 saber que os substantivos aparecem no singular e os verbos no infinitivo;
 que as expressões idiomáticas costumam estar no início da palavra correspondente;
 que a busca de uma palavra no dicionário não deve ser “pela metade”. As vezes uma palavra remete à outra também desconhecida, nesse caso a busca deve continuar.

e) Sugestão de atividade prática
The tiger
The tiger has wise eyes
He knows about me.
They put traps to kill him
They will take his coat
For rich ladies to wear.
The tiger is angry.
So am I.
(Unknown author)

4. Considerações finais:
• Para elevar o ensino-aprendizagem da leitura em LE a um processo autônomo é necessário experimentar dividir responsabilidades com os próprios alunos;
• Deixar que eles ajudem na preparação de tarefas que serão desenvolvidas em sala de aula...
• Mudar as relações de poder em sala de aula pode contribuir para a construção de atitudes mais autônomas;
• Envolver o aluno nas decisões não instrui apenas na disciplina ministrada, mas também para uma participação mais democrática e mais colaborativa na sociedade.


BIBLIOGRAFIA:
BRASIl, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

PAIVA, V.L.M.O. Da estrutura frasal à estrutura discursiva. In: REVISTA DE ESTUDOS DA LINGUAGEM. Belo Horizonte, ano 5, n.4, v.1, p. 19-29. jan./jun. 1996. Disponível em . Acesso em: 16/01/2008.

_____. A identidade do professor de inglês. APLIEMGE: ensino e pesquisa. Uberlândia: APLIEMGE/FAPEMIG, n.1, 1997. p. 9-17. Disponível em <> Acesso em 16/01/2008.

_____ Autonomia e complexidade. In: LINGUAGEM E ENSINO, Pelotas, vol.9, n.1, pp. 77-127, 2006.. Disponível em <> Acesso em 16/01/2008.


PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira e & VIEIRA, Lidiane Ismênia Costa. A formação do professor e a autonomia na aprendizagem de língua inglesa no ensino básico (no prelo). Disponível em Acesso em 16/01/2008.

PILETTI, N. História do Brasil 12ª ed. São Paulo: Ática 1991. In: PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira e & VIEIRA, Lidiane Ismênia Costa. A formação do professor e a autonomia na aprendizagem de língua inglesa no ensino básico (no prelo). Disponível em Acesso em 16/01/2008.

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