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(nas disciplinas Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Literatura), bem como sua utilização como mais uma ferramenta
para o ensino-aprendizagem de modo a tornar o processo educacional mais instigante e desafiador para
o aluno dessa geração tecnológica.


quinta-feira, 4 de março de 2010

Adorno e a Arte Contemporânea

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA
CURSO DE LETRAS (HABILITAÇÃO EM LÍNGUA INGLESA)
DISCIPLINAS: FILOSOFIA e METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
PROFESSORES: JOÃO BATISTA e WALDEMAR CARDOSO JUNIOR




Seminário Interdisciplinar I (1ª parte)



TEMA
Filosofia da Arte:
Adorno e a arte contemporânea


Estrutura do trabalho escrito: Paper



TÍTULO
Filosofia da Arte Contemporânea:
uma visão de Adorno
(texto base: Verlaine Freitas e outros autores)




DISCENTES:Alessandra Pinheiro da Costa 0612000604
César William Martins Souza 0612002204
Marleuda dos Santos Cardoso 0612000204
Nelielson Pinheiro da Silva 0612003404
Rosália Souza de Oliveira 0612001304
Sheila da Silva Noronha 0612002904



Bragança-Pará
1º módulo – 2ºsemestre 2006




FILOSOFIA DA ARTE CONTEMPORÂNEA: UMA VISÃO DE ADORNO
Alessandra P. da Costa
César William M. Souza
Marleuda dos S. Cardoso
Nelielson P. da Silva
Rosália Souza de Oliveira
Sheila da S. Noronha


RESUMO: O trabalho aborda o tema Adorno e a arte contemporânea. Nele estão apresentadas informações sobre a vida e as obras de Theodor Adorno, bem como sua visão em relação à arte contemporânea, numa tradução de Verlaine Freitas, que enfatiza a diferença entre arte e indústria cultural.


PALAVRAS-CHAVE: Crítica Cultural; Filosofia; Arte Contemporânea


INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo aprofundar os conceitos da teoria estética através da visão de Theodor Adorno, partindo-se da constatação de que o interesse do autor por questões estéticas é constante em todo seu itinerário intelectual.
Este estudo bibliográfico foi baseado em uma obra de Verlaine Freitas e outros autores que teceram comentários a respeito desse grande pensador do século XX. Serão abordados aspectos da vida e da obra de Adorno, com ênfase nos dilemas encontrados a respeito da compreensão do conceito de arte contemporânea.
A lógica da estética adorniana difere da daqueles que impuseram à arte a tarefa de transmitir determinados conteúdos sociais ou mensagens políticas, que de fato não eram requeridas pela lógica estética, porém não dando a ela toda autonomia de poder ser interpretada como se fosse desprovida de qualquer significação política. Adorno deu ao corpo um lugar de destaque na sua visão filosófica e estética, como as artes plásticas contemporâneas, que privilegiam o corpo como fonte e matéria-prima icônica.
A obra Teoria estética, que data da morte de Theodor Adorno, procura pelos limites do pensamento filosófico tradicional modifica suas bases com novos conceitos e desfaz a idéia de que a obra de arte é simplesmente uma imitação da realidade.
1. A VIDA DE ADORNO
Nascido em 11 de setembro de 1906 em Frankfurt na Alemanha, Theodor Ludwig Wiesengrund Adorno, filho de pai judeu, convertido ao protestantismo e mãe cantora italiana. Vindo de um meio musical, logo se orientou para a estética musical.
A filosofia de Theodor Adorno está fundamentada na perspectiva da dialética, em uma das mais importantes obras, a Dialektik der Aufklãrung (Dialética do Esclarecimento ou Dialética do Iluminismo, em português) que se trata de uma crítica da razão fundada em uma interpretação negativa do Iluminismo em uma visão lógica cultual do sistema capitalista, que Adorno denominou de Indústria Cultural.
Em 1933 emigrou para Inglaterra, a fim de escapar da perseguição movida contra os judeus por Hitler, e em 1937 foi para os Estados Unidos. Com o final da guerra, Adorno volta em 1949 retornando para atividade docente e participou ativamente da vida política e cultural do país. Antes de sua morte em Visp, Suíça, em 6 de agosto de 1969, teve destacada e polêmica participação nos movimentos estudantis que agitaram a Europa.

2. A INDÚSTRIA CULTURAL
O conceito de Indústria Cultural criado por Adorno para designar a exploração sistemática e programada dos bens cultuais com a finalidade de lucro. Assim nesse esquema se enquadram atualmente a TV, o rádio, jornais, revistas, entretenimento em geral , que são esquematizados para aumentar o consumo, modificar hábitos, educar, informar podendo em alguns casos atingir a sociedade como um todo.

3. CRÍTICA CULTURAL
Para o pensamento ocidental o esclarecimento começa quando o espírito se separa da natureza para dominá-la. Mas para Adorno essa separação teve implicações nefastas em todas as esferas do existir humano. Essa cisão entre o pensamento com seu caráter abstrato e aquilo que é percebido ou seja a concretude do real teve reflexos na cultura humana em todos os âmbitos desde a forma do conhecimento mitológico até o científico.
O homem contemporâneo percebe-se estando no mundo, imerso em seus valores, reproduzindo atitudes, mas dissociado desse mundo. Não reconhece que é apenas um ser repetidor e que somente com muita dificuldade transcenderá essa condição.
O homem esmagado pelas obrigações da vida prática é presa fácil da indústria cultural, ele devora vorazmente tudo que a sociedade de consumo lhe oferece, sem perceber que é impiedosamente devorado pela mesma. Para o homem moderno o trabalho é uma atividade desinteressante, extenuante, repetitiva e por isso ele é obrigado a adiar ou reprimir seus desejos. A fugaz sensação de realização é constantemente minada e as pessoas precisam de um reforço para a sua identidade, precisam da satisfação de ter um Eu engrandecido, forte, valorizado e a cultura de massa vai fornecer-lhe exatamente isso, ela vende a seus consumidores a satisfação manipulada de se sentirem representados nas telas de cinema, da televisão, nas músicas. Assim a indústria cultural vende estereótipos do que é mal, feminino, masculino. Fica-se acostumado a somente entender o que se encaixa no modelo estabelecido nesses estereótipos.
Diante da onipresença da cultura de massa na contemporaneidade, questiona-se se ainda faz sentido o conceito de arte autônoma ?
A Filosofia da Arte de Adorno propõe-se a refletir precisamente sobre esta questão. Para ele a arte é constituída a partir de uma gama enorme de elementos- forma,material, conteúdo, sociedade, sentido, linguagem, estilo, mimeses, racionalidade, construção e muitos outros. Por isso não é possível um contato com a arte absolutamente purificado das interferências daquilo que é artístico, ou seja, moral, religioso, econômico etc.


4. ARTE CONTEMPORÂNEA
4.1 Arte e sociedade
A arte contemporânea se diferencia das demais, grega, medieval, renascentista, barroca e clássica, por não está a serviço de determinada classe social ou instituição. Segundo Freitas (2003:24) “A arte contemporânea pode ser qualificada como, em princípio, anti-social, desprezando normas e preceitos de estruturação preconcebidos, rejeitando modelos éticos, políticos, religiosos que possam determinar previamente sua forma (...).”
O papel social da arte contemporânea não é de divertir a sociedade, mas de fazer com que as pessoas passem a refletir ao observarem as obras de arte contemporânea, pois as mesmas são de difícil compreensão, contudo levam a análises críticas da realidade.
Se várias pessoas observarem uma obra de arte contemporânea, cada uma delas a vê e a interpreta de forma diferente, dependo da relação que cada pessoa estabelece com ela.

4.2 Arte com linguagem do sofrimento
As pessoas se interessam por obras de arte com o objetivo de obter prazer, existem várias espécies de prazer, o prazer que se sente ao comprar uma roupa na moda é diferente do que se sente ao observar uma obra de arte moderna, se o primeiro se resume a alegria, o segundo uma mistura de emoções dentre os quais o sofrimento. Como se pode percebe em: “a arte moderna constitui-se naquele veículo privilegiado de expressão do sofrimento que cada um de nós sentir, de modo velado e oprimido, na vida cotidiana...” (FREITAS. 2003, p.28).
O prazer que a arte contemporânea proporciona é o de levar o homem a reconhecer a solidão, o sofrimento ocasionados pela busca de status sociais, esses sentimentos são disfarçados e reprimidos.

4.3 Novo, utopia, negatividade; expressão e construção; mímesis e racionalidade
Segundo Freitas (2003, p.30), o novo na obra de arte “aponta para aquilo que não foi ainda ocupado pela cultura, o não-digerido, não domesticado pela concepção cotidiana”, por isso, o autor afirma que o prazer do novo dado pela arte não é o mesmo prazer da ficção porque mexe com o nosso interior de modo radical e não se coaduna com o nosso cotidiano. Por isso, novo, na arte moderna apresenta-se como algo negativo, pois representa um estado de coisas que não existe e por isso mesmo “acaba realizando o que os produtos para consumo apenas iludem”. (FREITAS, 2003, p.31)
O mundo capitalista impõe pressões que impedem novas experiências, e de acordo com Scapin (2003, p. 3), para o pensamento adorniano as coisas têm liberdade e não precisam de um ordenamento imposto. Nesse sentido, a obra de arte moderna permite que o pensamento se mantenha na negatividade, na tensão e na reflexão permanente.
Se os movimentos artístico-literários sempre negavam o anterior, o movimento modernista se distingue de todos eles porque nega a tradição como um todo, e o que nos choca na arte moderna é este confronto com o novo, com o desconhecido, com o não esperado. Daí decorre todo o seu potencial crítico e, de acordo com Freitas (2003, p.30), os adversários da arte moderna, que a tomam como absurda, acabam percebendo mais esse poder de choque, do que seus adeptos.
Não podemos esperar uma mensagem explícita através da própria obra de arte moderna. Esta deve ser compreendida através da singularidade de sua estruturação formal.
Segundo Adorno, a tentativa de conciliar o aspecto construtivo e caráter expressivo na obra de arte é um problema, pois muitas vezes a construção renuncia a expressividade e vice-versa. Porém, ele ainda afirma que a expressão da obra de arte “só é alcançada com um processo de elaboração construtiva total, radicalmente realizado”. (apud. FREITAS, 2003, p. 32)
Nesse sentido, a estética relaciona-se com o fato de a obra de arte ser única e, de acordo com a teoria adorniana, seu objetivo parte da relação entre ela e seu criador e isso é o que a caracteriza. Por isso, de acordo com Freitas (2003, p. 33), Adorno não considera a obra de arte “puramente irracional” e absurda, mas diz que sua racionalidade não deve ser buscada fora dela. O que torna a obra de arte singular é sua coerência interna advinda da união entre “cada elemento particular” para compor um “conceito genérico” desfazendo a separação entre espírito (mente) e natureza (corpo), pois só assim ganha concretude, na relação entre o sujeito e a obra (tanto na criação quanto na contemplação).
De acordo com Freitas (2003, p. 34), Adorno diz que a arte não simboliza nada porque não tem o objetivo de informar. O que ocorre é uma profunda aproximação entre sujeito e obra através da qual ele pode compreendê-la em sua completude, numa relação particular baseada nos sentidos. Por isso não existe “um fio condutor para se entender a unidade estética” já que “toda obra de arte é enigmática e na modernidade isso se coloca de forma radical”.

4.4 O caráter de enigma e compreensão
A arte moderna possui um caráter enigmático, impossível de ser compreendido por aqueles que não possuem sensibilidade, pois para a aquisição de seu valor é necessário mais do que o exclusivo uso do intelecto, não podendo ser captado apenas pelo pensamento conceitual.
A indústria cultural preocupou-se em tentar uniformizar o sujeito com regras, estilos e práticas pré-estabelecidos. Mas a arte vem para resgatar no sujeito a dimensão de natureza, corporal e desejante, através de sua recaída mágica, superstição ou na irracionalidade, construindo a estruturação radical da obra, que possui em seu caráter enigmático sua própria estrutura, por isso a filosofia, na busca da razão, não deve tentar dissolvê-la.
Na arte moderna, a própria forma é parte do conteúdo, cor, brilho, rugosidade, enfim, tudo contribui para a unidade formal. A confecção material, porém, não deve estar desvinculada do conteúdo, para que juntas possam se fundir em uma simbiose, daí o corpo e a alma em síntese. É válido lembrar que esse conjunto permite a contemplação e compreensão da obra, que sempre manifestará seu caráter enigmático, pois não poderá ser decifrado em sua totalidade. ADORNO afirma que; “Toda obra nunca nos dá uma experiência de sua totalidade definitivamente, pois aquilo que nos pode parecer como coerência total acaba sendo imerso no torvelinho de relações dissonantes entre os elementos” (apud. FREITAS, 2003, p. 39)

4.5 Forma, material e conteúdo
A arte, apesar de manter certa conectividade com o mundo, não deve estar jamais sendo disseminada e/ou manipulada para que ocorra a manutenção de uma ordem social que beneficie algum tipo de classe, mesmo que possua em sua essência o caráter contestador. Contudo, não deve abster-se do mundo real sob o risco de tornar-se irracional, pois não se conforma com o modelo de racionalidade dominante e não consegue, deste modo, denunciar aquilo que se tornou o próprio mundo totalmente dominado por perder sua força crítica e, assim, anulando-se.

4.6 O Caráter de Linguagem da Arte.
A arte contemporânea proporciona uma comunicação entre sujeito e objeto desde, no entanto, diz Freitas a arte é muda, não diz nada para quem pretente extrair dela um conteúdo de forma imediata, direta como se faz através da linguagem cotidiana, isso mostra seu caráter enigmático.
Segundo Freitas o caráter de linguagem da arte relaciona-se exatamente a essa dimensão transcendente dessa experiência, que liga de forma paradoxal o caráter extremamente singular desse contato e a universalidade do que transcende o condicionamento empírico da vida cotidiana.
A arte contemporânea não especula seu significado, mas o deixa em aberto, pois, nela o que vale é a nossa interpretação, esta por sua vez é particular em cada pessoa.


CONCLUSÃO:
Para contrapor-se a uma indústria cultural, que inventa necessidades mercadológicas as pessoas através de um forte aparato apelativo e derrama produtos a serem vendidos como cultura de massa. Adorno faz fortes críticas a esse modelo, mostrando o valor da arte contemporânea, na qual não existem formas, modelos e estilos pré estabelecidos no intuito de que pudessem ser produzidos em série.
Dentro da critica Adorniana a concepção conceitual não é o suficiente para que se compreenda a arte contemporânea, mais que isso, se faz requisito a presença da sensibilidade para que o individuo possa captar o seu sentido enigmático e então, contemplar o valor da obra; corpórea e espiritual.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CONDURÚ, Marise Teles & PEREIRA, José Almir Rodrigues. Elaboração de Trabalhos Acadêmicos: normas, critérios e procedimentos. Belém: NUMA/UFPA-EDUFPA, 2006.
FREITAS, Verlaine. Adorno e a arte contemporânea. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
SCAPIN. Alessandra & ALMEIDA, Érica C. Teoria crítica e Educação: introdução à constelação de Theodor Adorno. Artigo científico. Alea: Estudos Neolatinos, vol. 5, nº 1. Rio de Janeiro: Jan/July, 2003. Disponível em: < http://www.unimep.br/fch/revcomunica/nov%
202002/09.pdf#search='Theodor%20Adorno'> Acesso em 11 julho 2006.
TEIXEIRA, Elizabeth. As três Metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa. Belém: UNAMA, 2003.

2 comentários:

  1. Gostei muito do resumo. Me ajudou muito!

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  2. Que bom que ajudou! Fico feliz em saber.
    Ah! Não deixe de dar sempre uma passadinha por este cantinho que pra mim é muito especial (principalmente quando sei que está sendo útil para alguém). E não esqueça de deixar seu comentário, dica ou crítica (desde que esta última seja construtiva e sirva para melhorar o blog).
    Bjs.

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